Vale tudo mesmo para ficar famoso? Essa é uma das perguntas que prometem agitar a curiosidade do público de Sangue Bom,
a próxima novela da 19h. Na trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent
Villari, o que não faltam são personagens para lá de interesseiros. Tem a
it-girl que só quer saber de aparecer bem na foto, as mulheres-fruta
que posam para todo e qualquer clique e uma atriz falida que tem um só
objetivo na vida: ficar sob os holofotes.

Maria Adelaie Amaral e Vincent Villari prometem arrancar gargalhadas do público (Foto: Divulgação/TV Globo)
Claro que para se manter no pedestal da mídia essa turma vai ter que
rebolar ao se deparar com situações hilárias e embaraçosas. O cenário
para as confusões e confissões da trama são bairros elegantes da rica
sociedade paulistana, e também da simpática zona norte da cidade.
Ficou curioso? Confira na entrevista exclusiva com os autores todos os detalhes desta novela que promete arrancar boas gargalhadas e, por que não, reflexões do público.
Ficou curioso? Confira na entrevista exclusiva com os autores todos os detalhes desta novela que promete arrancar boas gargalhadas e, por que não, reflexões do público.
Por que o nome Sangue Bom? De quem foi a escolha?
Maria Adelaide – "Foi do Vincent. Confesso que num primeiro
momento o “Sangue” me incomodou, mas tinha tudo a ver com a história e
me empenhei pessoalmente na defesa desse título".
Por que escolheram falar do mundo da moda e da badalação em volta das celebridades?
Vincent – "O universo das celebridades, por despertar tanto
fascínio nas pessoas e estar cada vez mais acessível - afinal, graças
principalmente à internet e aos reality shows, hoje qualquer pessoa pode
se tornar nacional ou mundialmente conhecida sem nenhum trabalho ou
talento expressivo -, revelou-se o pano de fundo ideal para expressar as
carências, desejos e frustrações dos nossos personagens. Hoje as
pessoas necessitam serem admiradas e amadas pelo maior número possível
de pessoas, mas sem se dar ao exaustivo trabalho de retribuir. Essa
ânsia pela conquista, por ter, por possuir, foi contaminando todas as
relações: amorosas, familiares, profissionais, de tal modo que hoje é
comum uma mãe sonhar para um filho que ele seja uma estrela de reality
show, por exemplo. São esses curiosos valores, hoje tidos como
absolutamente naturais, que nós abordamos e questionamos".
Há celebridades decadentes, instantâneas, de internet e
subcelebridades na trama. Além das personalidades que de fato têm algo a
oferecer, não só sua fama. Mostrando esses diferentes níveis de
popularidade, a intenção de vocês é fazer uma crítica ao culto às
celebridades de modo geral ou a algum comportamento específico delas?
Maria Adelaide – "Não tenho nada contra a fama ou contra as
celebridades quando o sucesso e notoriedade são baseados no trabalho e
no talento. Porém, a busca desesperada pela fama sem qualquer mérito que
a justifique acaba criando personagens cômicas ou patéticas. Em
consequência, são uma fonte de inspiração dramatúrgica. A obsessão pelo
sucesso pessoal é uma doença. Acreditar que alguém sem notoriedade não
tem valor social e perseguir desesperadamente um lugar ao sol como
garantia de felicidade é se condenar a um tipo novo de escravidão. Pois
quando você coloca todas as suas fichas na realização exterior, o
resultado é o vazio interior, o empobrecimento da vida íntima e da sua
relação com os outros".

A
família 'perfeita' da diva Bárbara Ellen (da esquerda para a direita):
Dórothy, Luz, Kévin, Amora e o futuro genro da diva, Maurício (Foto:
Sangue Bom/TV Globo)
Como foi a pesquisa de campo para escrever a novela? Conviveram com it-girls, frequentaram muito o bairro da Casa Verde?
Vincent – "Nasci e morei durante vinte anos no bairro do
Imirim, vizinho à Casa Verde e que também será mostrado na novela. A rua
da Casa Verde, onde mora boa parte dos nossos personagens, é, de certa
forma, a rua da minha infância, onde os vizinhos participavam uns das
vidas dos outros, comemoravam, brigavam, se divertiam, entravam pela
porta que era normalmente mantida aberta. Então, é um ambiente muito
natural para mim".
Teve algum personagem que foi mais difícil de criar?
Vincent – "Para mim, não. Em algumas situações específicas,
geralmente nuances do comportamento feminino, recorro a Adelaide para
saber o olhar dela sobre a questão, pois sei que será mais rico que o
meu. Mas não há nenhum personagem desta novela que seja distante ou
estranho a mim, e creio que para Adelaide também não".
Você é conhecida por grandes sucessos e pelo tom de comédia nos
textos. Sangue Bom tem um texto muito divertido. Como encontram esse
tom exato que o público sempre elogia?
Maria Adelaide – "O que se espera de uma novela das 19h é que
ela seja engraçada – sem negligenciar, é claro, a parte do romance e do
melodrama. Nesse sentido, a parceria com Vincent é fundamental, porque a
nossa concepção da vida, do mundo e do humor é muito semelhante. Além
disso, respeitamos a nossa intuição que é fundamental para estabelecer a
conexão com o público".
De quem foi a ideia de unir novamente Malu Mader e Felipe
Camargo como um casal, par que eles já formaram em Anos Dourados (quando
interpretaram Marcos e Lurdinha)?
Vincent – "Foi minha. A Malu tive ideia assim que a personagem
foi construída, porque a Rosemere é como se fosse uma Glorinha da
Abolição (personagem da Malu na novela O Outro) vinte anos mais velha.
Enviamos a Malu um perfil da personagem, sem compromisso. Ela se
encantou e rapidamente manifestou o desejo de fechar conosco. Como
Rosemere e Perácio formam um dos casais mais fortes da novela, era
preciso um ator que tivesse química inequívoca com a Malu e a
sensibilidade necessária para dar a dimensão da fragilidade e da
melancolia deste homem. Então nós realocamos o Felipe, que já estava na
novela, em outro papel, e temos certeza de que não poderia haver escolha
melhor".
Não há exatamente um casal protagonista, mas sim um sexteto
formado por Sophie Charlotte, Humberto Carrão, Jayme Matarazzo, Marco
Pigossi, Fernanda Vasconcellos e Isabelle Drummond. Isso é algo novo em
tramas, por que essa escolha? Imaginam para quem o público vai torcer
mais?
Vincent – "A história foi sendo naturalmente tecida conforme
os personagens e suas relações iam surgindo, não premeditamos ter jovens
protagonistas, mas, se é verdade que os personagens escolhem seus
criadores, então Adelaide e eu fomos escolhidos por eles. Estamos muito
curiosos para saber por quem o público irá torcer. Amora (Sophie
Charlotte), por exemplo, é uma heroína ambígua, capaz tanto de amores
sinceros e profundos quanto de gestos da mais absoluta mesquinheza, e
deverá dividir a opinião do público. Mas Bento (Marco Pigossi), Malu
(Fernanda Vasconcellos) e Giane (Isabelle Drummond) serão certamente
queridos".
Maria Adelaide já disse em outras entrevistas que a novela é
uma discussão entre o ter e o ser. E para você, o que é mais importante:
ter ou ser?
Vincent – "O importante é cuidar para que o "ter" tenha a sua
importância de acordo com o "ser", nunca o contrário. Tanto que o Bento e
a Giane não possuem apenas uma floricultura, e sim uma cooperativa com
os vizinhos em que todos plantam e colhem flores e todos,
consequentemente, repartem os lucros após as vendas. Ou seja, a ambição
pode ser algo positivo quando existe o ideal de elevar o nível da
própria vida e das pessoas ao redor. Mas de quanto dinheiro, de quantos
amigos virtuais, de quantos fãs, de quantos pares de sapato uma pessoa
realmente necessita para se sentir satisfeita, completa, realizada? Este
é o dilema da maior parte dos nossos personagens".

Sophie e Marco se divertem com a equipe durante cena de Amora e Bento (Foto: Sangue Bom/TV Globo)
Para vocês, qual será o grande diferencial da novela que vai torná-la um sucesso?
Maria Adelaide – "Quando sentamos para escrever uma sinopse,
pensamos apenas em escrever uma história boa, com tramas, personagens
interessantes e capazes de atrair o público. E isso inclui a nós. Sempre
nos perguntamos: gostaríamos de assistir essa novela? São muitos meses,
às vezes mais de um ano de trabalho insano, entre a sinopse e o último
capítulo, e é importante que a gente se apaixone pelo que faz e a
redação de cada novo capítulo seja um enorme prazer. Então, só vamos
descobrir o diferencial de Sangue Bom quando a novela estiver no ar".
Não perca, em 29 de abril, a estreia de Sangue Bom, a
nova novela das 19h, escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent
Villari, com direção de núcleo de Dennis Carvalho e direção geral de
Carlos Araújo.
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